27 novembro 2006

Reflexões

O amor gera a compreensão


"Mulher, onde estão eles? Não ficou ninguém para te condenar? Nem Eu tampouco te condeno. Vai e não peques mais.”.
(João 8.11)

Com estas palavras Jesus despediu uma mulher trazida até a Sua presença por fariseus e mestres da lei no pátio do Templo. Este encontro, registrado no capítulo oito de João, é fonte de muitas lições sobre uma espiritualidade fundamentada no Princípio do Amor, manifesto através de atos de compreensão e misericórdia.

Quando a mulher chegou até a presença de Jesus, já estava sentenciada e praticamente executada. Os homens que a levaram àquela situação queriam apenas usá-la para incriminar Jesus por Suas próprias palavras. E como Ele age?

Primeiro, ignora a chegada dos religiosos, sempre tão prestigiados pela população em geral. É necessário que insistam muito para que Jesus dirija-lhes a palavra. É como se Ele estivesse dizendo que aquele tipo de pessoa não lhe atraía, correspondem exatamente aos representantes eclesiásticos que nós mais tememos e veneramos, aqueles que têm o poder de arrastar e julgar os pecadores em praça pública - Jesus parecia estar mais interessado num desenho na areia.

Quando resolve quebrar o silêncio, dirige-se aos religiosos e diz: "Quem de vocês estiver sem pecado, que seja o primeiro a atirar uma pedra nesta mulher" - e volta a escrever no chão. Estas palavras invertem as posições. De algozes, os religiosos passam a réus de suas próprias consciências, e começando pelos mais velhos até os mais novos, todos, emudecidos, deixam o local. A espiritualidade do amor é aquela que nos faz soltar as pedras, que nos faz voltar para dentro de nós mesmos tomados pela consciência de que também precisamos de perdão e restauração.

Num segundo momento lindíssimo desse texto, Jesus pergunta à mulher onde estavam os seus acusadores, e se alguém a havia condenado.

Vemos nestas questões um ato terapêutico profundo. Jesus se dirige a uma mulher que sabia que era pecadora e pergunta-lhe onde estavam os puros que a condenavam e a julgavam. Onde estavam os perfeitos que, diferentemente dela, não cometiam pecados? A mulher responde que eles haviam-se ido embora sem condená-la.

A resposta da pecadora era necessária no processo da cura. Era necessário que ela dissesse com os seus próprios lábios: "Não, ninguém me condenou", para ouvir, em seguida, de Jesus: "Nem Eu tampouco te condeno. Vai e não peques mais".

É isso que o amor faz: dá novas oportunidades, estende a mão para curar a alma, a ferida, revela a semelhança de todos os homens em sua miserabilidade e carência da bendita e surpreendente misericórdia do Pai. Portanto, não julgue nem condene ninguém, pois este não é o nosso papel nessa terra, viemos a este mundo para servir a Deus e ao nosso próximo. Se dentro de seu coração existe mágoa, rancor ou amargura peça para Jesus limpá-lo nessa manhã e ajudá-lo a liberar perdão, peça também para que Ele te ajude a ver as pessoas, olhar para as pessoas, como Ele olha. Assim, estaremos cumprindo um dos maiores mandamentos: “Amar o nosso próximo como a nós mesmos”. Não se esqueça que o principio do amor é manifesto através de atos de misericórdia e compreensão, procure compreender aquele que está próximo a você.



Fonte: Eduardo Cândido

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